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O sadismo da vitória

 Neste momento, Dilma Rousseff está eleita como a primeira mulher presidente do Brasil. Além disso, representa também, de forma inédita, a continuidade de um governo de esquerda durante 12 anos no poder na redemocratização do país. A vitória veio na campanha mais suja, baixa e asquerosa que se tem notícia em muito tempo.

Falando como espectador, não jornalista, é assustador ver como Serra conseguiu se auto-destruir com tamanha eficiencia e rapidez. A começar pela desastrada escolha de “Indio” da Costa, temerário (há) por si só. Triste notar que aquela direita pensante, equilibrada, de oposição racional, boas ideais e um quadro de políticos razoável – olha quanto elogio! – tenha ficado praticamente para trás, perdida em sua própria incapacidade de lidar com a falta do poder.

Não vou aqui elencar os inúmeros fatos que mostram como o governo Lula transformou este país, fazendo uma das melhores administrações que tivemos em décadas. Já o fiz aqui em outras praias e pretendo apontar o que considero que preciamos fazer para ir “além de Lula”.

Há um componente sádico na vitória de Dilma. É ver a parte “direita raivosa” da imprensa se estrebuchar e corroer por mais 4 anos no mínimo. Isso, litaralmente, não tem preço. É ver seus malabrismos argumentativos fajutos serem cada vez mais inócuos, ridículos, reféns da prória incompetência. É vê-los se afogar no ódio gratuito, na distorção de fatos, na interpretação rasteira e até na criação de informações mentirosas.

É com esse tipo de “jornalismo” que lidamos no Brasil. Ler alguns dos principais jornais e revistas do país é um exercício de tortura cômica. Cômica porque é quase surreal. Tanto que, por mais que os anos passem, ainda não canso de me bestificar com a baixeza alheia. É uma doença tão profunda, com raízes longuinquas que não podem ignorar, que soa como uma patologia genética, mesmo. É como se os descendentes dos coronéis, barões, industriários, senhores de engenho, imperialistas, etc, perpetuassem não só seus “costumes”, sua “educação e sua “visão de mundo”, mas o comportamento, a mentalidade. Tudo dentro de uma gene, uma célula. Eu sei que é leviano. Apenas uma provocação.

A imprensa deste país nunca foi tão livre quanto nos últimos anos. Se alguém puder me apontar um, apenas um ato de censura concreto contra a imprensa vindo do governo federal, agradeço. Daí que esse papinho barato e asqueroso que a direita gosta de abordar dos “impulsos liberticidas” do PT é uma piada para otários. Nunca um governo foi tão massacrado, sabotado, tratado com ódio, desdém, nojo, acusado e sofrido tantos ataques baixos quanto Lula. O resto é perfumaria.

Como acredita o amigo e editor deste site, Rafael Reinehr, e como já falei antes, uma democracia com voto obrigatório é no mínimo uma contradição. Só pra começar. De tudo que está errado, distorcido, etc, temos muito para avançar. Afinal, 502 anos de abusos não se curam em 8 de administração decente. O país, hoje, é infinitamente melhor que aquele em que cresci.

Que se dê o crédito merecido a quem conseguiu tanto. E que saibamos criticar adequadamente e contribuir para que tudo siga evoluindo. Sites como o Simplicíssimo ajudam a pensar: e não consigo imaginar tarefa mais nobre que esta.

Maurício Angelo

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