Simplicíssimo

Nagasaki

Escrevo esse texto enquanto assisto na TV a um documentário sobre os efeitos da Bomba Atômica em Nagasaki.

Na tela, a estória de um senhor japonês – cujo nome infelizmente não me recordo – é tocante. Na manhã do dia 9 de agosto de 1945, estava ele e outro garoto brincando na cobertura de um prédio qualquer em Nagasaki. No meio da diversão, porém, o amigo pede-lhe que retornem ao interior do edifício – ao que ele acaba assentindo, não sem alguma resistência. Segundos após, com os dois garotos já no elevador, uma nuvem de fumaça radiativa cobria os céus da cidade…

Passados 63 anos, este senhor tem uma missão: reencontrar o colega de infância que lhe salvara a vida naquele famigerado 9 de agosto. E, assim, ele inicia uma jornada cujo final não nos cabe aqui revelar…

O que nos cabe, sim, é refletir sobre os efeitos desta que é uma das maiores barbáries da História contemporânea. Para nós, ocidentais, as páginas desta tragédia, muitas vezes, não passam de material de escola; pedaços de um passado que desejamos esquecer, ou algumas vezes (no caso dos autores do crime) até mesmo negar.

Em vão. Pois os efeitos ainda estão lá: sob a pele; misturados ao sangue e hospedados nos cérebros de milhares de japoneses – paralíticos, cegos, ensandecidos…

Para as vítimas de Nagasaki – hoje, em sua maioria, septuagenários – o dia 9 de agosto de 1945 não acabou. Nem acabará. Pois, ainda que cem anos se passem, eles continuarão ouvindo o som da explosão da bomba e sentindo o cheiro dos corpos carbonizados ao seu redor. As memórias daquele dia estarão para sempre em suas pernas inválidas, nas manchas do câncer espalhadas por suas mãos, seus rostos…

Para eles, os sobreviventes, continua chovendo em Nagasaki.

Uma chuva negra. Sem fim…

Edweine Loureiro

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