Simplicíssimo

Sons de Natal

Procurei nos guardados o cheiro de presente. Mistura de vento e baú, uma arca de lembranças todas. Amassadas, escondidas, transparentes. Tudo passou por mim de relance, feito linha de tempo. E decidi escrever um texto de Natal, que esse não existia ali. Tanto tempo de mim, que levei horas escolhendo palavras, feito conchinha na praia. Algumas lascadas, outras plenas e brilhantes. Mergulhei em pacotes com laços de fita, sons antigos de papel rasgando em surpresa, sensação de esperar o Papai-Noel. Sons. No bolo de natal que aprendi com minha vó, o som da massa ganhando vida. O som da máquina de escrever do vô. E o som do Toque de Silêncio por sua falta, que por essas coisas da vida aconteceu também numa véspera de Natal. Música triste de ouvir, aquela. Tive medo que 24 de dezembro perdesse a vida. Súbito, ouço o som de um nenê querendo falar- meu sobrinho, e o presente de vida cantando a festa de Natal. E ouço o pinheiro, os papéis se rasgando, os laços se abrindo, as exclamações de felicidade, o “tlim” dos enfeites de vidro pendurados no verde. Som de Natal, de novo, num tique-taque que abre a hora dos presentes. Agora, com a suave alegria de uma criança que vê Papai-Noel pela primeira vez.

Feliz Natal!

Betina Mariante

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