a boa música sempre salva. e as boas novas? as mesmas de sempre, meu jovem. os ventos não mudaram a direção desde aquele tempo que brincávamos de sonho novo, mas sabe, os sonhos também são os mesmos. hoje é igual a ontem e assim sendo eu nem lembro o que fiz segunda-feira. semanas ruins, eu diria. digo que tudo bem para evitar a fadiga. as pessoas não entendem, essas pessoas na sala de jantar. talvez o sol nem seja tão bonito mesmo, talvez caminhar contra o vento não seja coisa para todo dia, mas tudo bem, nem o sempre é todo dia, e nessa eu já bati demais. escrevi um sambinha, papai que é de noel, adoniran e cartola, aprovou. fala de alegria, alegria de um minuto. letra calma, batida tensa, pede pressa, mas é que o minuto vai acabar, diz a música. e quer saber? não leve flores às causas enterradas. a célula revolucionária que carregamos está guardada num filme de arte, todos aplaudem, mas onde estão todos? onde está a estudantada de coragem? os sem destinos, os renegados, os sonhadores? estão agora nas esquinas de um bairro antigo, estão nas drogas e no roquenrol, esse tal de ronquenrol, doutor. o cheiro da nova estação esvaiu-se e tu nem terminaste teu refrão. e o que era mesmo que queria dizer? conheci a pouco o primeiro comunista de verdade da minha vida quando ele tentava me vender chaveiros na praia. me fez careta quando eu disse que só queria ficar em paz, o que não é pouco. mas o que ele queria? os trombadinhas crescem e viram políticos, chico lança trabalho novo enquanto julinho da adelaide cai no esquecimento, atos políticos sempre terminam em música e ativistas que levantavam suas bandeiras perdem suas razões por excesso de álcool. um homem com um violão e uma gaita faz mais protesto que uma multidão, disso dylan já sabia. mas insisto, em tempos que che (e não falo de suas ideologias) vira moda, eu, de fato, só quero ficar em paz. não vou a lugar algum, vou ser todo o pra sempre que cabe em um minuto, mas só vou se tu flores.
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