Bololô

Foi tudo que restou daquele casal bisonho e claudicante? Silêncio. Sem mais segredos desvendantes e adivinhações considerantes, findaram. Barafundas! Nem mais prestavam atenção. Nem mais novidadeavam. Mas o olhar marasmático era de uma só dorinfinda. Não negavam. De Dora, o marido notou que tristeandava pelos cantos.

Chamou Bené às agulhas. Este, o outro, que nem marido era mas disso bem que se servia, tremeu conversa adentro caminhando rumo afora. Não duvidou que morreria ali. Dora, que andava desdesejando tudo, sofreu de longe. Pelos dois. Clichê. Bené gostou-se dela bem de antes. De menina. Tecera-lhe tranças e acompanhara todas as formaturas. Longas e emaranhadas. Ambas. E não findara de gostar. Ela demorou-se pegar gosto e quando o fez, se anunciou casada. Parentela distante. Calamidade e desandança. Mas Bené tomou-lhe as dores: marido tetro e vagarento que não lhe acudia? Deu no que deu.

Xumburgaram de vez. Feito gatos no cio vadiavam loucos varridos dançando em boates na noite e nas ruas de manhã numa alegria radioativa. Contaminavam transeuntes e comadres de plantão. E não arrefeciam nem a veneníparos: eram um casal e como tal, ponto final. Casados, à maneira deles mesmos, cada qual com sua parelha. E por que não dizer felizes em doses graúdas de claros arrebóis. Amavam-se sem culpa ou destinação. Pois faltava em Bené o que sobejava em Dora. Eles se matematizavam: tempo e espaço conspiravam ao redor. Os parceiros nunca souberam e nunca talvez saberão.

Qual o sentido do arrependimento quando não se tem escolha? Cura-se da vida fugindo-se dela? Perguntaram-se só uma vez. E então, retiraram todas as cascas de inverdades e foram-se chegando cada vez mais perto do que era possível definir. Já antigos um do outro, não faziam mais sentido ao contrário. Bololô… Foi tudo o que restou? E se tudo isso não for tão-somente a alternativa mais verdadeira dos que loucos, livres e versutos sabem que dão sentido a todas as adivinhações?
Bololô…