Chegando na escola, ela dirigiu-se para a secretaria onde deveria estar o Michael. Após os trâmites normais, recolheu o jovem de 13 anos para casa. Foram várias quadras de silêncio onde somente o vento assobiava nos seus ouvidos. Durante a tarde, Dona Elza e o filho nada falaram e o uivo do vento atrás das portas parecia aumentar à medida que as horas iam passando. Já ao entardecer, após as 18h, ao chegar o pai do trabalho com o sorriso largo por baixo do espesso bigode que carregava com orgulho na cara calejada dos 45 anos de vida, a história foi repassada para ele.
Michael tinha brigado com 3 colegas na escola dentro da sala de aula e recebera uma advertência. O motivo: o trabalho do pai. Após uma aula de Ciências onde a professora falou dos malefícios da monocultura o assunto foi transportado para a nova realidade que eles viviam no município, com as recentes plantações de eucalipto. Como o Michael foi o único a defender ferrenhamente o cultivo da árvore em questão, acabou sendo motivo de zombaria por alguns colegas o que acabou desencadeando uma briga.
Ele, antes disso, tentara argumentar com os colegas que antes de seu pai trabalhar na nova empresa de reflorestamento com eucalipto, este ganhava apenas um salário mínimo por mês, trabalhava 7 dias por semana, morava no interior e visitava a família uma vez por mês. Ele era caseiro de uma granja de arroz, onde nem galinhas ele podia criar para próprio consumo e também viviam de monocultura que ocupava a terra por 6 meses no ano, no máximo.
Agora, o que você teria feito no lugar da mãe do Michael?
O que faria se fosse o pai do Michael? Ou se fosse a professora? Ou, ainda, se fosse a diretora da escola?
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