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A Depressão e a família

A depressão afeta os relacionamentos familiares e amorosos de uma forma muitas vezes desastrosa. Por exemplo, um casamento em que um dos parceiros está com depressão, tem nove vezes mais chance de acabar, do que um onde não exista a depressão. Por isso mesmo, recomenda-se evitar decisões precipitadas: pacientes com depressão devem se tratar e melhorar antes de considerarem uma separação. Tal cuidado permite evitar arrependimentos futuros e dá tempo à pessoa para tomar decisões bem pensadas.

Os pacientes deprimidos costumam se sentir infelizes, frustados, inferiores ou rejeitados pelas pessoas que os rodeiam. Alguns depressivos se irritam com facilidade e não conseguem ficar muito tempo na companhia de seus familiares. A expressão sempre abatida, além dos prejuízos sociais, ocupacionais e físicos, tornam muito difícil o convívio com um paciente deprimido.

Ao longo do tempo os sintomas depressivos podem provocar desdobramentos complicados e desgastantes para a família e para o paciente. As relações íntimas ficam mais tensas, estressantes e cheias de conflitos. Algumas famílias têm muita dificuldade de se adaptar à situação. Alguns familiares se afastam. Outros minimizam ou não acreditam na depressão como doença.

Alguns membros da família criticam ou recriminam o tratamento, fazendo o paciente deixar de tomar seus remédios ou de ir ao seu terapeuta. Há os familiares que acreditam que a depressão seja uma falha moral ou de caráter, o que só faz aumentar a culpa, a baixa auto-estima, as autocríticas, a sensação de ser inútil ou fraco, e tantos outros sintomas psicológicos típicos da depressão. Mesmo os que querem muito ajudar o paciente não sabem o que fazer, pois nada parece resolver o problema. Aflora então um sentimento de frustração e impotência que é muito corrosivo para os relacionamentos.

Um dos fatores que mais atrapalham o relacionamento do casal é a perda do desejo sexual que acompanha a Depressão. Quem está deprimido normalmente perde a capacidade de sentir prazer com tudo, inclusive com o sexo. Assim, com freqüência o paciente não tem nem vontade de iniciar uma relação sexual. Isso costuma deixar o outro integrante do casal confuso, pois acha que está sendo rejeitado, ou mesmo traído. A falta de interesse sexual também pode impedir solteiros deprimidos de iniciar relacionamentos novos.

Para superar essas dificuldades, é necessário que o paciente e seus familiares, estejam conscientes de que a depressão é uma doença que precisa de tratamento. Também é necessário que estejam de acordo com relação ao tipo de tratamento indicado. Ajudar o paciente a seguir corretamente as orientações é a melhor forma de acelerar a recuperação. Quando indicado o uso de remédios, o apoio familiar pode ser decisivo para que o paciente cumpra a prescrição médica. Uma atitude receptiva, sincera e apoiadora, que facilite a comunicação, ajuda tanto a terapia medicamentosa quanto a terapia psicológica. Em alguns casos o familiar poderá se beneficiar se buscar apoio psicológico para si mesmo. Esta medida pode ajudar a lidar com os sentimentos, além de facilitar a adaptação e o convívio diário com o paciente.

Luiz Eduardo Ulrich

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