Simplicíssimo

Talentos da Paternidade

Virei cantor. Meu filhote tem requisitado sistematicamente a minha presença, formando dupla com a mamãe, e cantamos os dois para que nosso filhinho pegue no sono. Tenho cumprido com gosto a tarefa, afinal nenhuma outra pessoa, e nem mesmo meu filho quando ficar maior, vai jamais querer me ouvir cantar. Tampouco haverá outra época em que minhas caretas acalmem uma crise de choro, nem encontrarei muitos outros seres humanos que se encantem de me ver imitar um avião. Menos ainda terei novamente o prazer de ensinar alguém a brincar com um tubo de hipoglós como se fosse um aviãozinho. Na verdade usamos o tubo de hipoglós nas trocas de fralda, mas a primeira vez que lancei mão do artifício foi durante uma refeição, usando uma colher. Com poucos meses, o bebê pôde imitar apenas tenuemente as manobras arrojadas que eu fazia, mas o suficiente para nos alegrarmos muito. Hoje em dia ele imita o motor, e lança bombas (ok, não são bombas: é apenas um BUM! pronunciado). Ainda vamos fazê-lo cantar, mas essa parte me preocupa, dadas as minhas carências: sei as letras apenas pela metade, e poucas; ontem fizemos o piá dormir ao som do refrão de "prenda minha", mas não achei aquela maravilha. Sei lá, eu não queria deixar uma tarefa tão nobre para a Xuxa, então vou precisar aprender umas letras.

Esses dias, assistindo ao entusiasmado espetáculo de caretas, saltos, palavras e expressões cômicas que eu faço para o nosso bebê, minha esposa me perguntou porque eu não fui ser comediante. Na hora eu dei uma resposta meio evasiva, mas agora me dei conta do porquê: eu nunca estive em frente a uma platéia tão animada.

Luiz Eduardo Ulrich

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