Simplicíssimo

Atravessando o bloqueio

Não é que eu queira ser diferente
Não é que eu queira ser alguma coisa
Eu quero é a coisa, isso sim
Como Drummond: a coisa, coisamente
Eu quero aquilo que tá no dentro, parado no centro
Plasma
Blergh
Quero a arroto, quero o engasgo…até o catarro
Quero o que vem de dentro
Me cansei de ouvir silêncios
Me cansei de gaguejar o vácuo
Nem quero o dia, nem a noite
Não quero mais nada que só se veja por fora
Tô fora
Quero o amâgo
Quero o amargo, a porra
E quero agora
Quero os dias de cão, o dedo no nariz
O cabelo pichaim
E a meia furada
Quero quero
Procuro substância
Procuro o intocável palpável
A hora que cansa
O dia que enjoôa
A noite que dança
Quero o que tá no tudo
E q só no nada se quer ver
Quero o que tá em mim
Quero o que não tá aqui
Dentro docê
Quero mim…in
Não apenas on

Tá, agora chega
Me vê um café ?!

Maria Ana Maioli

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