Violentos Haikais 88/X
Pequenos delitos
aqui mentira, lá mendiga
Soam infinitos
Faroeste 74/X
Já, já é domingo
ao seu lado, bem amado
Sigo sempre rindo
Aline queria muito ir morar na Lua. Lá tinha um astral muito mais propício para o romantismo e uma farta distribuição de queijo.
Na lua a gravidade era praticamente inexistente, o que diminuiria muito os problemas futuros de seios caídos e homens broxas… Tudo parecia perfeito.
Outra vantagem muito grande de viver na Lua, pensou ela, eram as baladas, que nunca tinham fim, no seu lado escuro. Do lado claro tinha toda a ferveção do dia-a-dia e no outro, noites infindáveis, onde se poderia escolher entre as baladas, o sexo ou uma noite de sonhos como jamais poderia existir na Terra, pois jamais um sonho seria interrompido pelo raiar do Sol.
Esta era a vida da doce Aline, vivia no mundo da Lua, aqui na Terra. Tanto vivia que foi lá viver.
Cláudio tinha suas razões para tentar a vida em Plutão. Desta forma ficaria bem longe de sua ex-namorada, aquela megera que transava com ele e mais três sem contar nada para ele. Ainda mais que estes três eram uma mulher, uma bicha e um transexual. Se ele soubesse iria pedir para participar junto, mas não podia, ainda os padrões da época não permitiriam, ainda mais para ele que era um homem público. A notícia divulgada na imprensa, sobre os desvios dela já lhe foram bastante desfavoráveis. Imagina se o pegassem junto. Seria um escândalo.
Em Plutão passaria um ano bem longo e poderia refletir sobre quais as atitudes mais acertadas para continuar na sua caminhada de homem público na Terra.
Decidiu então pegar a primeira nave, com multi-escalas, parecia ônibus pinga-pinga. A primeira parada seria na Lua, a segunda e Marte e tinham muitas outras programadas. Seria uma viagem longa e penosa. Porém era a solução.
Quis o destino que Aline sentasse ao lado de Cláudio. Infeliz coincidência. Foi amor a primeira vista. Pediram para ser os últimos a serem desmaterializados, pois queriam ver como se sairiam na tradicional troca de fluidos dos seres humanos. Nunca se deram tão bem nisto. Foi orbital já diria a Judy Jetson. Agora, só faltava decidir onde iriam parar: na Lua ou em Plutão.
Ele argumentou, ela ponderou, ela tentou convencer, ele queria ir mais onge. Não chegaram a um acordo. Ela desceu na Lua pensando: “Os homens são todos filhos da Pluta!”; ele seguiu viagem, lamentando: “As mulheres são mesmo todas Lunáticas”…
De ré na contramão, para viajar no cosmos sem gasolina.
Comente!