Simplicíssimo

O Ponto de Mutação

            “Em um ambiente finito, deve-se reconhecer que o crescimento é bom enquanto houver também um declínio, mantendo um equilíbrio dinâmico. Enquanto algumas coisas têm de crescer, outras têm de diminuir, para que seus elementos constituintes possam ser liberados e reciclados.”

 

            “Necessitamos de uma noção de crescimento diferenciado, ou seja, ao invés de incrementar a produção e o consumo no setor privado, o crescimento deverá ser canalizado para áreas como transporte, educação e assistência à saúde; também, a preocupação com a aquisição material deve se voltar para o crescimento e o desenvolvimento interiores.”

 

“Os lucros privados são hoje obtidos às custas de exploração social ou ambiental”

 

“Questiona-se se se deve aceitar a “necessidade” de indústrias de muitos milhões de dólares dedicadas a alimentos para cachorros, cosméticos, remédios e toda sorte de aparelhos que esbanjam energia, quando nos é dito, ao mesmo tempo, que não dispomos de “recursos” para dotar nossas cidades de serviços sanitários, proteção contra incêndios e sistemas de transporte público adequados.”

 

Estas frases foram retiradas do livro “O Ponto de Mutação”, de Fritjof Capra, que li duas vezes, ainda lerei uma terceira e quem sabe uma quarta vez. Recomendado para qualquer pessoa que se preocupe com o mundo onde vive.

 

Capra, já na década de 70, preocupava-se com a falácia do método keynesiano, que afirma que em uma economia, o “investimento adicional aumentará sempre o emprego e, portanto, o nível total de renda, o que, por sua vez, levará a uma maior demanda de bens de consumo. Desse modo, o investimento estimulará o crescimento econômico e aumentará a riqueza nacional, que, finalmente, “escorrerá aos poucos” para os pobres.

 

Hoje sabemos que o sistema capitalista não permite o escoamento adequado desta riqueza, que fica cada vez mais centralizada nas mãos de poucos, enriquecendo e dando mais poder para grandes corporações multinacionais, que são mais poderosas que a maioria dos Estados-Nações.

 

Um filme que deve ser visto para assimilar esta crítica moderna ao sistema esmagador-depredador-capitalista é “A Corporação” (The Corporation), documentário canadense de 2003 que, em tom de guerrilha, busca mobilizar indivíduos conscientes do massacre executados minuto após minuto pelas grandes corporações cujo único objetivo é o lucro sempre crescente. Busca lembrar que a sociedade não é impotente frente ao poderio das grandes multinacionais, e que o poder do consumo (a escolha do que consumimos) pode elevar uma empresa à superpotência ou acabar com ela em poucos meses.

 

Vale refletir se aquilo que consumimos é necessário, supérfluo e com quanto estamos colaborando para a pobreza, para a má-distribuição da renda, para a violência e para a poluição e destruição de nosso planeta. Reflitamos.

Rafael Reinehr

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