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Brasil faz o jogo sujo do Tio Sam no Haiti

Brasil faz o jogo sujo do Tio Sam no Haiti
Por Rogério Beier

No dia 01 de junho de 2004 assumia o comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Junto com ele, um efetivo de aproximadamente 1200 militares brasileiros foram responsabilizados pelo papel, que até hoje o governo brasileiro insiste em declarar ser, de garantir a estabilidade social para que eleições livres possam ser realizadas e, assim, contribuir para um futuro democrático de paz nesse país caribenho.

Será esse o verdadeiro motivo que levou o Brasil ao Haiti? Estaria o nosso governo movido apenas pela solidariedade ao mandar os filhos de nossa pátria às custas de nosso próprio sangue, além dos mais de 300 milhões de reais já gastos até o momento? Claro que não! Basta lembrarmos dos momentos que antecederam a decisão do Brasil enviar suas tropas ao Haiti para obtermos esta resposta.

No princípio da era Lula, o governo brasileiro, através de sua diplomacia, intensificou suas ações para conquistar uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Isso não era segredo para ninguém e era veiculado quase diariamente nas inúmeras viagens que Lula fez nos dois primeiros anos de seu governo. Só que, para que isso ocorresse, o Brasil precisaria conquistar os votos dos membros permanentes do conselho: Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França.

No ano de 2004, depois de alguns acordos e visitas do presidente Lula a China e a Rússia, o governo desses países declararam-se favoráveis ao aumento do número de membros do conselho permanente e que, para eles, o nome do Brasil seria natural em razão deste ser uma economia emergente e ao fato do Brasil desempenhar um papel de inegável liderança na América do Sul. Nessa mesma época, os Estados Unidos acenaram com a possibilidade de apoiarem o Brasil em suas intenções, desde que este demonstrasse sua capacidade de liderança e compromisso com a paz e democracia no cenário internacional. Para isso, não havia oportunidade melhor do que assumir a liderança de uma força de estabilização social e política da ONU, que já estava no Haiti e que, naquele momento, era liderada por eles próprios, Estados Unidos. Parecia um excelente negócio para ambos. Os Estados Unidos desmobilizaria suas tropas do Haiti e se dedicaria apenas a sua ocupação no Iraque; e o Brasil, assumiria o comando, estabeleceria a paz, realizaria as eleições e, em pouco tempo, talvez 1 ano, sairia do Haiti com o voto dos Estados Unidos no bolso. Seria perfeito.

Portanto, é claro que o motivo por trás de nossas tropas estarem no Haiti não tem nada a ver com solidariedade do brasileiro, muito pelo contrário, obedece apenas os nossos interesses mais pessoais como nação, de estender nossa influência pelo mundo e deixar de ser coadjuvantes nas decisões que afetam diretamente o nosso planeta.

Todavia, o fato da motivação de enviarmos tropas ao Haiti não ser nobre como pretende o governo, não é o maior dos problemas nesse história toda. O grande problema que realmente aflige muitos brasileiros ao ver as tropas de seu país no Haiti, é a subserviência do Brasil aos interesses imperialistas estadunidenses. É justamente o fato de ver um governo de esquerda, de origem proletária, servir aos interesses dos Estados Unidos em derrubar um governo democraticamente eleito, que não mais interessava aos estadunidenses, para eleger um novo governo, formado pelas elites haitianas, que adotariam o modelo neo-liberal. Este sim, o grande problema por trás da presença brasileira no Haiti. Vale à pena mandar nossas tropas fazer o serviço sujo dos Estados Unidos no Haiti? Vale à pena abrir mão da real democracia depondo um governo eleito democraticamente em troca de outro que atenda melhor aos interesses do Tio Sam? Claro que não! A democracia não existe para ser respeitada apenas quando satisfaz os nossos interesses. A esse regime, chamamos ditadura ou imperialismo.

Roger Beier

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