Simplicíssimo

Os outros noventa e nove

"A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela Vida"…
(Vinícius de Moraes)
 

O Poetinha falava muito do que vivia e falar muito do que vivemos é sempre muito difícil.
Bem cedo, fui instada a escrever muito nessa vida – não tive escolha e nem acalanto. Foi bênção acompanhada de maldição. Só depois entenderia o Truman Capote: a bênção da arte do encontro com o outro se e quando me faço entender (o abstrato se concretiza na folha branca do papel ou na tela branca do computador e, então, há o encontro). Encontro e Viagem.

Cada vez que um amigo ou um anônimo, encontrar-se naquelas palavras arrumadas e organizadas por meu precário senso estético, ali brindaremos silentes e felizes. Do contrário, é maldição de arte não atingida, frustração,  angústia e auto-flagelação, ensinou Capote. Sob o pavor de deparar-me com a maldição do não-encontro é que tenho procurado escrever de forma a achegar-me ao outro e diminuir as distâncias impostas pela segregação social, resgatando-lhe a confiança no olhar sincero sobre a nossa frágil humanidade, dizendo-lhe que somos iguais e não tememos a mútua contemplação.

Acredito na vida. Sou, por essência, uma believer, nefelibata, acreditante nas possibilidades de redenção da raça humana via intersecção saudável e conjugação de idéias e ideais. A vida nos espreita e nos convida a essa viagem por um mundo que pode ser o meu, o seu ou o nosso. Depende de cada um a escolha. Entre o ceticismo e a crença, faremos a viagem confortavel ou miseravelmente. Não nessa ordem. A única verdade está dentro de cada um e essa, sim, é determinante para que saibamos que tipo de viajores somos e que tipo de viagem será.

Acredito no Encontro, na intersecção, na redenção da raça humana através do homem humano melhorado. Esse foi o meu percurso até aqui. Entre cem caminhos, escolhi apenas este e conviverei o resto dos meus dias com "a nostalgia dos outros noventa e nove"… A escolha não foi o caminho – foi o meio de trasporte. A viagem mesmo foi escolher apenas um e ter a ousadia de conviver com o resto dos outros noventa e nove. Sabia disso meu querido Fernando Sabino.

Lilly Falcão

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