Simplicíssimo

Na Incógnita da Janela

Durmo sem saber se chove amanhã. Sem saber nada de amanhã. Se o sol aparece à tarde, pra confortar minha sombra. Nada. Durmo assim, em silêncio, pra acordar. E se virão pingos ou raios de luz ou de tempestade ou céu carregado de mormaço ou azul. Durmo assim. Na incógnita da próxima janela. E se é caso de ventar, que vente: acordo com o som de sua passagem. Inconstância do vento, inconstância de mim. Dormir com céu estrelado e acordar com barulho de chuva é coisa de intempérie, mesmo. Eu. Mas não sei de quem cuide se amanhã muda o tempo, fico achando que só eu presto atenção nessas sandices. Me finjo quieta feito o silêncio do céu escuro, por dentro chovo a cântaros, sinto o friozinho da água escorregando em mim, sem descanso. E água dói. Fecho e abro os olhos, e mudou o dia. Esqueço quem sou na chuva, quando tem sol; quem sou no sol, quando tem chuva.
Mas que graça tem isso de saber? O clima muda, mesmo…Acordo, e nova surpresa.

Betina Mariante

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