Simplicíssimo

Blasfemar é preciso

Não conheço uma única religião (principalmente ocidental) que não necessite de milagres. Há que se observar que ao termo milagre, devemos entender um evento sobrenatural, inexplicável, fora dos padrões do senso comum.
Não conheço uma única religião (principalmente ocidental) que não tenha em seus líderes pessoas de alto padrão de conforto físico, rodeado por crentes que orgulham-se em servir ao grande líder.
Mas, afinal, pus-me a pensar agora a pouco, no banho, de qual fenômeno sobrenatural precisamos para fortalecer nosso íntimo com a presença de um Ente feito de amor perfeito, inimaginável ao ser humano mais evoluído, início e fim de tudo?
Porque um conceito que não consigo aceitar é de que tudo veio do nada, e para o nada irá… Partindo de leis simples da metafísica, podemos aceitar por esta primeira afirmação, que tudo veio do tudo, e para o tudo irá…
Porque é neste milagre que eu acredito. No milagre inicial. Neste de Alguém que, com um gesto, deu o ânimo (ou a alma) a tudo, permitindo sua existência e evolução.
Ou não seríamos nós pura e exclusivamente milagres? Ou não seria tudo o que existe, o primeiro átomo, a última matéria sintetizada, a ameba rudimentar e o cérebro humano, apenas e tão-somente milagres?
O que quero realmente dizer é que eu não me importo se Cristo nasceu de uma mãe virgem, se foi loiro de olhos azuis, se era alto e bonito, ou se fez de dois peixes e quatro pães alimento de milhares de ignorantes famintos naquela tarde quente na Palestina. O que me importa mesmo é que ele viveu e morreu por um ideal de amor verdadeiro, puro e simples, tão simples que ainda não entendemos quase nada do que ele disse (ainda muito mal traduzido).
Porque a mim interessa que ele também foi milagre. Milagre do exemplo concreto de amor ao próximo. E não adiantam-me teólogos explicando os porquês, porque o pouco que meu rudimentar cérebro permite entender é simplesmente que ele foi um milagre maior, no meio daquele monte de milagres inferiores, caçoando dele…
Pronto, o que eu queria mesmo dizer é que e não sou ateu, não creio no meu futuro no nada, após esta breve passagem, não creio na minha origem do acaso, sem a influência de um único verbo (mesmo que seja por medo), e não tolero religiões (mas pode ser por puro orgulho mesmo).
Uma antiga colega de trabalho mantinha um descanso de tela em seu computador onde se lia uma frase de Einstein: “Não posso acreditar num Deus que insiste em ser louvado o tempo todo”. Concordo com ele, até porque é Einstein, não é mesmo?
Ah, sim, quanto às minhas práticas religiosas, se um dia elas vieram a florescer em mim, virão simplesmente de dar um bom exemplo à minha volta, meus colegas de trabalho, meus amigos, ensinar corretamente meus filhos, dar um bom sorriso sincero à minha esposa pela manhã, um beijo e abraço gostoso na minha mamãe quando a vir, dizer a meus irmãos que sinto a falta deles, me acabar de acariciar meus lindos sobrinhos e afilhados… Enfim, apenas retribuir ao mundo esse maravilhoso milagre que pra mim é viver…
E se eu vou pro inferno por ter escrito isso, terá sido por um bom motivo. Pela maior irritação que esses meus quase quarenta anos de idade fizeram-me aprender, que é uma pessoa tentando forçar (mesmo que com a mais tenra doçura na voz) outra pessoa a seguir a sua religião.


Marcos Claudino, 39 anos, profissional de Recursos Humanos, feliz por cada segundo captado pelo milagre da própria existência, graças a Deus…

Marcos Claudino

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