Simplicíssimo

Descansa, meu bem…

E a menina não consegue descansar. Nem nós. Todos os programas informativos, jornalísticos, não nos deixam em paz. Nem a nós, nem a ela, já enterrada, mas a cada quinze minutos desenterrada.

A Suzana, que matou os pais, ou mandou matar, nem importa, já foi esquecida.

A bola da vez são os Nardonni. “No momento o casal está jantando”, “Neste momento o pai da menina está no banheiro”, “Neste instante a madrasta da menina soltou um sonoro peido na sala de jantar”, e por aí vai. Mas na verdade, não vai. Zapeando pelos canais da rica TV aberta, tive que mudar de emissora a cada meia hora em média.

Legal é que esses monstros rendem bem. Acho que no fundo estão todos torcendo mesmo é para eles fugirem. Dá pra perceber que o fato em si não parte da indignação sobre a natureza ou autoria do crime, mas pura e simplesmente pelo pré-julgamento da imprensa?

Calma, não estou defendendo ninguém. Pelos poucos dados relevantes informados pela imprensa, não é possível ter certeza, mas, mesmo que tivéssemos certeza, não somos juízes nem jurados nem promotores. A eles isso interessa.

O casal já foi julgado e condenado, desde a primeira reportagem. Toneladas de frascos de sucos, papel metálico, embalagens de fast-food dormem neste momento sob os pés dos trezentos repórteres acampados à frente da casa do pai do pai da vítima.

Liberdade de imprensa não pode ser confundida com pré-julgamento, com liberação de informações que podem comprometer a correta apuração dos fatos, com a deturpação do julgamento oficial, e é isso que tenho sentido.

Não ouvi ainda em nenhuma roda de bar, ponto de ônibus, balcão de padaria, o comentário de que alguém, independente de quem, suporta a idéia de, em primeiros dias de século XXI, sentidos humanitários mais evoluídos, mata um ser humano, adulto, criança, velho, gordo, careca ou feio. É, ainda matamos pessoas, ainda destruímos o planeta, mas sempre achamos que nossa parte não tem importância. Nem nos assustamos com os atentados diários no Oriente Médio, onde homens (homens?) bombas matam 45, 135, 28 pessoas, ou um único papagaio que seja. É, ainda matamos, e nem ligamos mais.

Que eu, nessa minha ridícula insignificância, possa explicar um mínimo dessa loucura aos pequenos que já fazem parte de minha vida, sobrinhos, afilhados, primos e o filho que virá quando a condição chegar.

Feliz aniversário Ilustríssimo Senhor Pedro Henrique Sales Silva, meu afilhado que hoje completa 01 (hum) aninho de vida.

Beijos a todos, evolução a todos nós, seres humanos, terrenos.

Marcos Claudino

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