Simplicíssimo

Garçom, mais uma Coca-Cola…

Qual é mesmo a Revolta?

Abro o texto abrindo a guarda, pois sei que levarei porradas, muitas justas, porque estamos aqui é pra debater mesmo, ou não é? O negócio é que aqui no meu espaço virtual eu tenho o claro compromisso de manifestar minha opinião, certo? Então, em respeito a você, maluco que ainda vem aqui ler minhas linhas, aí vai:

Inicialmente preciso saber, cientificamente, racionalmente, o que esse povo entende por beber conscientemente. É o seu nível de tolerância, é o meu nível de tolerância, ou é o nosso nível de intolerância?

Se você conseguiu responder à questão acima, vamos adiante. Se não, não tem problema, tome mais uma e continue. Revoltas e pirotecnia com a nova lei seca (11.705 de 19/06/2008). Está até demorando a aparecer uma passeata, uma mobilização nacional, quebra-quebra e debates acalorados em canais banais (quase todos) de televisão.

Não, você não está apenas sentindo que eu estou zombando um pouco da situação. Pode ter certeza, porque eu realmente estou, não tenha dúvidas.

Como é que leis semelhantes ou ainda mais duras existem em países ditos civilizados há mais de cinco décadas e nunca ouvimos falar? Ok, dou a mão à palmatória, há nestes mesmos lugares infra-estrutura decente, com transporte público e segurança mais que suficientes para cada cidadão. Aqui, bem, quer dizer, nem precisamos falar.

Mas, será que sempre foi assim? Será que não seria possível nenhuma adaptação de nossa parte, já que as obrigatoriedades e punições nunca são cumpridas? Será que lá na Suíça ou na Holanda onde, diga-se de passagem, o povo bebe muito bem, obrigado, sempre foi assim? Ou em algum momento as pessoas tentaram encaixar-se à nova realidade, conscientizando-se e protegendo-se mutuamente.

Calma, já estou chegando nos meus finalmentes:

Finalmente 1) 50% em média de diminuição nos acidentes causados por embriaguez não são suficientes? Será que, mesmo com toda a irreverência e jeitinhos que só o brasileiro sabe dar, o fato de que a metade das vidas foram salvas, deixaram de morrer, não é um bom argumento?

Finalmente 2) Não votei nestes políticos e faz tempo que não voto em nenhum. Também eu, pela minha própria noção de resistência à bebida, acho que o nível exigido é cruel, não concordo. Mas não tenho a menor noção de um nível que projete um mínimo de segurança a uma população inteira. O nível é só um engodo. Na verdade não há nível, é melhor nem começar.

Finalmente 3) Eu, repito, EU, acho que dá sim para se adaptar, mudar os hábitos, e revezar com a turma o careta da noite. Não dá mesmo pra ir pra balada de busão ou táxi, nem preços nem estruturas garantem tais práticas. Então, se é para um resultado palpável, para uma melhoria das condições, para uma abrupta diminuição dos índices de violência (brigas e mortes, lembram-se?) e acidentes, fatais ou não, não vale mesmo à pena? Não vale mesmo o sacrifício?

Finalmente 4) Se o filho do político ou o próprio, se o rico ou o Mauricinho vai, bêbado como um cavalo (de onde tiraram essa expressão?), bater a Ferrari e amanhã mesmo pegar o Porche e sair dirigindo sem carta, pagando a fiança e dirigindo da mesma maneira, não cabe a mim usar do exemplo dele, mas dar o meu exemplo.

E finalmente o 5º e último finalmente: Estamos em que país mesmo? Estamos no Brasil? Estamos num país miserável na maior parte de sua população, com índices péssimos de qualidade de vida, com a criminalidade em patamares nunca vistos, com uma grave crise ética, onde coletivamente não temos a menor noção de cidadania? Ah, tá bom… Estamos falando de que mesmo? Estamos falando de cerveja? De cachaça? De caipirinha? Ah, bom…

Eu acho é que vou me revoltar com as coisas de sempre, não com isso…

E que venham as porradas.

Abração!!

Marcos Claudino, procurando sarna pra se coçar, mas totalmente careta, podem acreditar.

Marcos Claudino

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